Boto diz que Gerson está motivado para a Copa de Clubes: “Até o momento, é jogador do Flamengo”
- 12 de junho de 2025

O Flamengo desembarcou nos Estados Unidos na manhã desta quinta-feira e, um dos primeiros compromissos, foi uma entrevista coletiva de José Boto, diretor executivo de futebol. O dirigente falou pela primeira vez sobre Gerson, que está aguardando o Zenit, da Rússia, pagar a multa rescisória para deixar o clube.
– Até o momento, o Gerson é jogador do Flamengo, com todos os direitos e todos os deveres dos jogadores do Flamengo. Está motivado para jogar o Mundial e, se joga ou não, não é uma decisão minha, é do técnico. Mas está aqui, como todos os outros 31 que estão aqui prontos para o técnico os utilizar – comentou Boto.
A reportagem apurou que o volante aceitou oferta salarial do Zenit. O Flamengo só aceita liberar o atleta com o pagamento da multa de 25 milhões de euros (RS 158 milhões na cotação atual), algo que o time europeu sinalizou que fará. Gerson, então, deixará o clube após a Copa do Mundo de Clubes.
Ao começar a entrevista, Boto avisou que faria um pronunciamento sobre o caso de Gerson. Ele afirmou que não responderia perguntas sobre o tema, afinal, a entrevista seria para tratar da participação do Rubro-Negro no Mundial. Porém, ao ser perguntado se assuntos como o de Gerson poderiam atrapalhar o Flamengo, respondeu:
– Eu não ia responder, mas vou. Quando há uma decisão grande para o Flamengo, há sempre umas notícias. Bruno Henrique é condenado, indiciado ou não sei o que (o atacante foi denunciado pelo Ministério Público do DF por fraude esportiva e estelionato). De fora, me parece estranho, mas não posso opinar. Há sempre um “timing” para certas coisas aparecerem. Garanto que todos os jogadores e profissionais estão focados e motivados. Essa competição não precisa de motivação extra.
Perguntado sobre o objetivo do Flamengo na competição, o dirigente português afirmou que a primeira meta é ar de fase – Chelsea, Espérance e Los Angeles completa o grupo. Ele afirmou que os times europeus são favoritos:
– É uma competição que pode existir uma regularidade. Os times sul-americanos serão postos à prova com os Europa e vice-versa. É óbvio que na Europa estão os melhores jogadores, técnicos e ligas. Eles estão um patamar acima da América do Sul. Não quer dizer que nós, Flamengo, não vamos encarar os jogos para ganhar. Nós vamos. Mas temos que estar conscientes do grau de dificuldade de jogar com os times europeus. O fato de ser o final temporada da Europa pode trazer alguma vantagem para os sul-americanos. Pode.
O Flamengo estreia na segunda-feira, dia 16, contra o Espérance.
Confira outras respostas
Objetivo
É óbvio que olhando para o grupo, nós planejamos ar da fase de grupos. Depois é jogo a jogo. Não podemos fazer planejamento numa competição dessas. Em um jogo só, as coisas ficam equilibradas. O Espérance é uma equipe com futebol difícil. O futebol da África é muito técnico, muito rápido. Mas olhando para o nosso grupo, nós projetamos ar para fase de grupos. Vamos ver o que o encaixe pode nos dar depois. Vamos desfrutar os jogos todos. Vamos competir. É uma experiencia única para toda gente que está aqui.
Elenco do Flamengo nível global: top5? Top10?
É muito difícil fazer a comparação. Às vezes não é a qualidade do elenco e sim as competições que estão inseridas, que são menos ou mais exigentes. Eu não tenho dúvidas que o elenco no Flamengo na PL lutava pelos primeiros lugares. Mas tem que estar habituado a jogar naquele nível. O Flamengo não está, Palmeiras não está, Fluminense não está. É muito difícil em termos de ranking. Em qualidade, está numa primeira prateleira. De habituação, ritmo de jogo, não está.
Organograma do Flamengo no Mundial
Vocês tem que separar o Flamengo futebol e o Flamengo institucional. No topo, estou eu. Tudo o que está aqui são profissionais. Não há VP, não há amador. São todos profissionais. Depois tem uma parte institucional, que tem a ver com a Casa do Flamengo, isso é outra coisa que nada tem a ver com o futebol. Neste hotel, só estão hospedados os profissionais do futebol – de todas as áreas.
Logística
A logística que utilizamos é logística de um clube ‘top’. Desde o avião em que todos os lugares eram lugares que os jogadores puderam descansar. Os hotéis são inscritos pela Fifa. Tem todas as condições para que um clube ‘top’ tem necessidade. O Real Madrid e o Bayern não vão ter coisas melhores do que nós temos. Não será pela logística que o Flamengo não terá um bom rendimento.
Diferença europeus x sul-americanos
Não é só uma intuição minha, acho que 90% das pessoas envolvidas no futebol vão ter a mesma opinião que eu. São condições financeiras muito superiores. Lembro que o Benfica, que pode ser o nosso adversário, é de uma liga periférica da Europa e tem três avançados que cada um custou mais de 20 milhões de euros. Em uma liga periférica. Esse é o poder econômico dos europeus. Você pode ter os melhores jogadores, os melhores treinadores e, por isso, tem as melhores ligas. Os jogadores são bons e em idades novas que permitem ter desempenho por muito tempo. Tudo isso faz com que os times europeus tenham um ritmo de jogo superior a todos os times sul-americanos.
AeroFla
Quase 40 anos de carreira no futebol, nesses seis meses de Brasil, eu já experienciei coisas que nunca pensei em toda minha vida. Em São Luís e ontem. Se eu contar na Europa que isso existe, as pessoas não tem muita noção disso. Estar dentro do ônibus, sentir o apoio e o carinho, é um combustível muito grande. Temos a responsabilidade de representar os torcedores.
Recuperar os jogadores
É importante. Expectativa é que tenhamos 99% do elenco disponível para o primeiro jogo.
Gerson no Zenit. Bh denunciado. Elenco chega 100% focado?
Eu não ia responder, mas vou. Quando há uma decisão grande para o Flamengo, há sempre umas notícias. BH é condenado, indiciado ou não sei o que. De fora, me parece estranho, mas não posso opinar. Há sempre um timing para certas coisas aparecerem. Garanto que todos os jogadores e profissionais estão focados e motivados. Essa competição não precisa de motivação extra.
Favoritismo?
O favoritismo de ter a responsabilidade de ganhar uma competição como essa não é a mesma que temos no Carioca, Brasileiro e Libertadores. Aí sim temos a obrigação de ganhar. O futebol é sempre imprevisível. Vem um Táchira da vida complicar a vida, um Central Córdoba nos ganha no Maracanã. Podem acontecer surpresas aqui. Nós, como o maior representante da América do Sul, temos algumas responsabilidades nessa competição.
Satisfeito com o elenco?
Foi uma janela extraordinária, aberta só para os países do Mundial. No nosso planejamento nunca encaramos como uma janela decisiva para contratação de jogadores.
Experiencia dos atletas
É óbvio que sim (faz diferença). Nós nos propusemos a dar uma cara mais europeia, com boas práticas e rigor que existe mais na Europa do que na América do Sul. É muito importante ter jogadores com vivencia nas principais ligas europeias para transmitirem aos outros que nunca tiveram oportunidade. Isso é uma vantagem, não só para o Mundial, mas para o resto da temporada.
Análise de não trazer um jogador só para o Mundial
Não podemos pensar exclusivamente numa competição que é mais difícil e que dura um mês. Não podemos pensar nisso. A questão de trazer um jogador só para o Mundial não ou pela nossa cabeça. Por vários motivos. Faria mais mal do que bem para a equipe. É a minha análise e a do treinador.
Aproximação com Neymar?
Da minha parte não.
Como vai jogar o Mundial?
Vocês conhecem mal o Espérance. A nossa equipe técnica e treinador conhece bem. A pergunta é para fazer para o Filipe. É óbvio que há sempre uma adaptação. Mas não vamos fugir muito do nosso DNA de jogo.
Jorginho / Chaveamento com Benfica
O Jorginho tem uma qualidade incrível. Vê-lo treinar confirma o que pensávamos.
Sobre o Benfica. Como vocês chamam? “Lei do ex”. Eu gostaria de enfrentar o Benfica em Miami.
Negociação com Jorginho
Eu tenho muita experiência no futebol europeu, eu sei com quem falar no Arsenal, na Juventus, no Napoli, isso por ter estado na Europa. Isso é uma vantagem grande. Eles confiam em mim, sabem quem eu sou. Conhecem. Eu acredito que para outros dirigentes isso seja mais difícil. Como eu acredito que é mais difícil para mim me mover no mercado brasileiro, embora eu tenha a vantagem de ter trabalho em clubes que o mercado brasileiro era o principal mercado. Eu não vejo isso como um troféu grande de “não preciso viajar”. Eu conheço as pessoas, não preciso ir lá, mesmo que não saibam, perguntam. Essa é uma vantagem que eu tenho e que outros dirigentes não tem porque não trabalharam no futebol europeu.